Arte em São Paulo: Momento Único

Viver em uma megalópole como São Paulo tem lá suas vantagens. Para mim é a vida cultural, a efervescência de idéias e, principalmente, os grandes eventos que só são possíveis em locais onde a demanda de público interessado justifica os dispendiosos investimentos necessários para realizá-los.
Em quantas outras cidades do mundo seria viável uma grande exposição sobre Caravaggio, ou sobre o Impressionismo, ou ainda sobre um dos maiores artistas plásticos contemporâneos?
Pior ainda, em quantas cidades do mundo seria viável o acontecimento simultâneo dessas 3 exposições?
Pois é exatamente isso que acontece em São Paulo neste momento: O venezuelano Cruz Diez, um dos papas da arte contemporânea, na Pinacoteca; Os mestres do Impressionismo no Centro Cultural Banco do Brasil; e a genialidade barroca de Caravaggio e seus seguidores no MASP. 3 grandes exposições e 3 momentos de grande importância na história da arte.
E as filas para ver essas exposições correspondem à grandiosidade das mesmas. Só para ver 2 vezes a magnífica "Impressionismo: Paris e a Modernidade – Obras-Primas do Museu d’Orsay", no CCBB, eu já gastei feliz umas 5 horas de fila. E devo acrescentar ainda mais umas 2 ou 3 horas para ver pela terceira vez as telas de Manet, Pissaro, Monet, Degas, Toulosse-Lautrec, Renoir, Cézanne, Van Gogh, Gaugin, Vuillard, Morisot e Bonnat, entre outros. São 85 obras que contam detalhadamente a história do movimento Impressionista, que startou todo o conceito de modernidade nas artes do século XX.
Bem menor em quantidade de obras mas nem por isso menos importante, a exposição "Caravaggio e Seus Seguidores", no MASP, também tem rendido boas horas de fila. E todo mundo encara essa fila feliz, afinal de contas é a maior mostra já realizada no continente americano sobre o mestre barroco, com várias obras que pela primeira vez sairam da Itália.
Mas filas para ver nomes sagrados da pintura não me surpreenderam tanto quanto a fila para ver a belíssima retrospectiva sobre a obra do venezuelano Cruz Diez, na Pinacoteca do Estado. Considerado um dos mais importantes artistas contemporâneos do mundo, Diez não é exatamente um nome conhecido pelo grande público mas, mesmo assim, a exposição tem atraído milhares de pessoas. E é uma delícia observar as reações e a interação do público com as obras, correspondendo 100% às expectativas do artista.
Não é que eu adore filas. No dia-a-dia fujo delas como o diabo foge da cruz. Mas uma coisa é pegar uma fila no banco - geralmente para ser mal atendido - e outra muito diferente é uma fila para ver um filme, uma peça de teatro ou uma bela exposição. A grande diferença é que a gente sabe que, por mais demorada e sofrida que seja a espera, a recompensa no final fará tudo valer a pena.
E o que me deixa mais feliz ainda é ver tantas pessoas interessadas, famintas por arte. E olha que o cardápio aqui em São Paulo é bem generoso. Mas acho que cultura é assim mesmo, vicia! Quanto mais a gente tem, mais a gente quer.

"Caravaggio e Seus Seguidores", no MASP (Museu de Arte de São Paulo)até 30 de setembro. Ao todo são 7 obras de Caravaggio e mais 15 de outros artistas, conhecidos como "caravaggescos", entre eles: Artemisia Gentileschi, Hendrick van Somer e Orazio Riminaldi. Ingresso R$ 15,00 ou grátis às terças-feiras.

"Impressionismo: Paris e a Modernidade – Obras-Primas do Museu d’Orsay", no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo), até o dia 07 de outubro, reúne 85 obras que contam toda a história do Impressionismo. Entrada grátis.

"Cruz-Diez: A Cor no Espaço e no Tempo", até dia 16 de setembro na Pinacoteca do Estado, retrospectiva com 150 obras desse artistia venezuelano radicado em Paris, reconhecido como um dos mais importantes nomes da arte contemporãnea. Ingresso: R$ 6,00.




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